Fadiga Pós-Viral: a Exaustão Prolongada Após a Covid e Outras Infecções

A pandemia de Covid-19 trouxe um novo olhar para um fenômeno antigo: a fadiga pós-viral, uma condição debilitante que afeta pessoas mesmo após a recuperação de infecções. Apesar de pouco compreendida, essa síndrome tem mobilizado pesquisadores ao redor do mundo, que buscam explicações e tratamentos para a exaustão persistente que, em casos graves, deixa os pacientes incapacitados por meses ou até anos.

Rachael Edwards, uma gerente de marketing saudável até ser infectada pela Covid-19 em 2023, descreve sua nova realidade como “ser puxada por uma âncora”. Aos 31 anos, ela enfrenta semanas de imobilidade devido a uma fadiga que “paralisa os músculos”. Essa condição é parte da chamada Covid longa, um conjunto de sintomas persistentes após a eliminação do vírus no corpo.

A fadiga pós-viral, agora mais conhecida por causa da Covid longa, é uma condição caracterizada por cansaço extremo e prolongado após infecções. Ela não é nova, já tendo sido associada a doenças como Ebola, Sars, gripe e a doença de Lyme. Por décadas, foi subestimada e atribuída a causas psicológicas, mas avanços recentes revelam raízes biológicas complexas.

Pesquisadores como Rosalind Adam, da Universidade de Aberdeen, estão investigando a fadiga pós-viral usando sensores digitais e inteligência artificial para identificar padrões que possam ajudar a categorizar subtipos da condição. Outros estudos, liderados pelo professor David Putrino, sugerem que o problema pode estar nas mitocôndrias – estruturas celulares responsáveis pela produção de energia.

As hipóteses incluem:

  • Déficit energético celular: Durante a infecção, os vírus “sequestram” as mitocôndrias, comprometendo sua função.
  • Persistência viral: Pequenas quantidades do vírus podem permanecer no corpo, reativando infecções dormentes.
  • Autoimunidade: Alterações nas células imunológicas podem levar a ataques às próprias fibras nervosas.

Fatores como tensão muscular, postura inadequada e cicatrizes cirúrgicas podem aumentar o risco de fadiga pós-viral. Soluções como suplementos (coenzima Q10), medicamentos para melhorar a função mitocondrial e terapias mais flexíveis de exercícios estão sendo testadas.

Por enquanto, tratamentos eficazes dependem de uma melhor compreensão das causas individuais. “Existem muitos fatores, e é ingenuidade pensar que um único medicamento resolverá tudo”, alerta Putrino.

Com testes clínicos promissores e maior atenção da comunidade científica, especialistas acreditam que diagnósticos e tratamentos mais sofisticados possam surgir nos próximos anos, trazendo esperança para pacientes como Rachael Edwards.

A fadiga pós-viral é mais do que cansaço; é uma batalha invisível, que merece reconhecimento e suporte. Os avanços na ciência são o primeiro passo para devolver qualidade de vida a milhões de pessoas afetadas.

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