O governo federal, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego, está conduzindo um levantamento detalhado sobre os brasileiros que trabalham sob a escala 6×1, regime que consiste em seis dias consecutivos de trabalho seguidos por um dia de folga. De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2023, aproximadamente 33,5 milhões de trabalhadores no país cumprem jornadas semanais entre 41 e 44 horas, indicando que muitos podem estar inseridos nesse regime.
A iniciativa de coletar esses dados surge em meio ao debate sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa eliminar a escala 6×1, reduzindo a carga horária semanal máxima para 36 horas e implementando uma jornada de quatro dias de trabalho seguidos por três dias de folga, sem redução salarial. A proposta, de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL), já obteve as assinaturas necessárias para tramitar na Câmara dos Deputados.
Uma pesquisa conduzida pelo Datafolha revelou que 64% dos brasileiros apoiam o fim da escala 6×1. O levantamento entrevistou 2.002 pessoas com 16 anos ou mais em 113 municípios de todo o país de 12 a 13 de dezembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou menos, para o total da amostra. O nível de confiança é de 95%.
Além disso, um levantamento exclusivo da Lagom Data para a CartaCapital mostrou que 82% dos trabalhadores do comércio e serviços em escala 6×1 ganham menos de dois salários mínimos mensais. Entre mulheres pretas e pardas, esse índice chega a 90%.
O levantamento do governo visa compreender melhor o perfil desses trabalhadores e embasar futuras políticas públicas que promovam condições laborais mais justas e equilibradas. A discussão sobre a escala 6×1 é complexa, envolvendo aspectos econômicos, sociais e de saúde, e requer uma análise cuidadosa para garantir que eventuais mudanças beneficiem tanto os trabalhadores quanto a produtividade do país.