Motoristas que ignoram placas de “PARE”, avançam semáforos e usam o celular ao volante estão entre os principais causadores de acidentes nas vias urbanas. Motociclistas e pedestres são as principais vítimas.
O trânsito urbano nas cidades de Jales, Fernandópolis e municípios da região Noroeste Paulista está cada vez mais perigoso. A principal causa não é apenas o aumento da frota, mas sim a falta de atenção e o desrespeito às regras básicas de circulação.
Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), Jales registrou um aumento de 28,4% no número de feridos no trânsito durante o primeiro trimestre de 2024, totalizando 86 vítimas, contra 67 no mesmo período de 2023. Ainda de acordo com essas informações, até maio de 2024 houve cinco óbitos por acidente de trânsito, número que triplica o registrado em todo o ano de 2023.
Em 2022, as autoridades registraram 129 boletins de ocorrência com vítimas de trânsito em Jales. Em 111 deles havia envolvimento de motocicletas, o que representa 86% dos acidentes com vítimas.
Depoimento de testemunha
“É como se o sinal vermelho e o ‘PARE’ fossem meras sugestões. Motoristas passam direto, sem olhar para os lados. Vejo motoqueiros furando o farol e carros ignorando que aquela placa existe. A impressão que dá é que ninguém tá prestando atenção mesmo”, relata uma moradora que preferiu não se identificar.
Essa percepção se confirma com os dados oficiais, que apontam cruzamentos e semáforos como pontos críticos para colisões e atropelamentos. Muitos desses casos envolvem motociclistas profissionais em alta velocidade ou pedestres que atravessam na faixa com sinal aberto.
Causas e comportamentos de risco
Entre as principais infrações que resultam em acidentes estão:
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o desrespeito à sinalização, como placas de “PARE” e semáforos
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o uso do celular ao volante
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a condução em velocidade acima do permitido
Segundo informações extraídas de boletins de ocorrência, a causa humana, principalmente a desatenção, está presente na maioria dos sinistros.
Impacto no sistema de saúde
As unidades de saúde da região têm registrado aumento significativo nos atendimentos por traumas relacionados ao trânsito, especialmente envolvendo motociclistas e ciclistas. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), o Brasil registrou mais de 227 mil internações no SUS por acidentes de trânsito apenas nos primeiros cinco meses de 2024, o que representa uma média de uma vítima hospitalizada a cada dois minutos. Desses casos, cerca de 60% envolvem acidentes com motociclistas.
Embora dados municipais específicos sobre Jales ainda não estejam consolidados, a alta demanda por atendimentos de urgência reflete a tendência nacional. Profissionais do pronto-socorro local relatam que, entre as principais ocorrências, estão colisões em cruzamentos e quedas de moto. O perfil mais comum das vítimas envolve jovens adultos do sexo masculino, condutores de motocicletas, muitas vezes trabalhadores de aplicativos.
Esse cenário reforça o impacto direto da imprudência no trânsito sobre o sistema público de saúde e a urgência de medidas preventivas voltadas ao comportamento dos condutores.
Medidas em estudo
As prefeituras da região estudam alternativas para melhorar a segurança no trânsito urbano, como:
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Instalação de radares educativos e câmeras em cruzamentos críticos
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Implementação de faixas elevadas em áreas escolares
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Campanhas de conscientização nas redes sociais e rádios locais
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Aumento da fiscalização com blitz em horários estratégicos
Apesar dos esforços, ainda faltam ações efetivas. Em Jales, por exemplo, as câmeras instaladas para monitoramento urbano não funcionam como radares de trânsito, o que limita seu impacto na prevenção de infrações como avanço de sinal vermelho.
Conclusão
A irresponsabilidade no trânsito continua sendo um fator determinante para o aumento de acidentes nas ruas de Jales, Fernandópolis e região. Ignorar o “PARE”, passar no sinal vermelho ou se distrair com o celular pode custar caro. A recomendação das autoridades e especialistas é clara: Respeitar a sinalização, manter atenção ao volante e reduzir a velocidade são atitudes que salvam vidas.