A natureza prenuncia a volta de Jesus, sua iminência e majestade. Ao menos foi o que notei desde que me mudei com meus pais para o litoral. A partir de então muitas coisas mudaram e além de me trazer para mais perto do mar, Deus também me trouxe para mais perto dele.
Enquanto escrevo, ouço pássaros cantando das formas mais variadas, repousando nas folhas das árvores em que um Tucano – por mim chamado de Chico – insiste pousar nos dias de sol. É claro que os cachorros da vizinhança (Jurema e Filó) tomam sua parte na canção latindo vigorosamente enquanto correm livres pela calçada de casa. Confesso que a cena é muito pacífica. Mas, enquanto bem observava, um forte vento leste começou a se lançar sobre a árvore na frente da minha janela, sacudindo-a com força.
Mesmo sem conseguir ver as nuvens carregadas, já soube que a chuva forte viria em breve, e com a iminência da chuva, a urgência de arrumar as coisas, tirar roupas do varal e preparar a casa. Não foi necessário consultar previsões, afinal, os sinais eram muito claros e falavam abertamente a qualquer um que se dignasse a prestar atenção. Não bastou muito para que a chuva chegasse e, junto com ela, a lembrança de que aquela não foi a primeira vez que uma árvore prenunciava o tempo.
Nas palavras de Jesus: Ele [Jesus] lhes contou esta parábola: “Observem a figueira e todas as árvores. Quando elas brotam, vocês mesmos percebem e sabem que o verão está próximo. Assim também, quando virem estas coisas acontecendo, saibam que o Reino de Deus está próximo” (Lucas 21:29-31).
Gosto de pensar que esse foi o dia em que uma árvore ensinou muito mais do que cem mestres eruditos. Na passagem, Jesus foi perguntando por seus discípulos acerca do fim dos tempos e sobre a época em que o fim dos tempos sobreviria. Preocupados – e até escandalizados – com as palavras do Mestre sobre os eventos futuros, os doze receberam a instrução de examinarem os acontecimentos da vida tal como usavam o fruto das árvores para discernirem as estações, essa seria a Lição da Figueira (Mt 24:32).
A volta de Jesus é um dos temas mais importantes e menos considerados pela maioria das pessoas. Quando esse assunto é tratado, a cultura mais popular insiste em retratar esse evento de forma negativa, focalizando nas catástrofes e tragédias que se esperam acontecer. Existe uma certa verdade nisso, Jesus na mesma oportunidade alerta de que “[…] haverá grande tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá” (Mateus 24:21-22).
Por outro lado, a Bíblia nos convida a vermos esses eventos com uma perspectiva diferente. A vinda de Jesus é a nossa maior esperança, pois com Ele virá a nova vida e a restauração de todas as coisas aqui na terra. E, acima de tudo, o mais importante é que estaremos juntos do nosso Criador para todo sempre. Para isso fomos feitos e nisso repousa a vontade mais íntima de todo ser humano.
Independente da forma como vemos os eventos da volta de Jesus, uma coisa continua sendo verdade: Ele virá, estejamos nós prontos ou não. Aqueles que não estão prontos, serão pegos de surpresa, e não haverá desculpas, afinal, assim como o vento sobre as árvores estava anunciando a forte chuva, os sinais dos tempos apontam para todas as pessoas que Cristo voltará.
Do contrário, sempre há quem esteja atento, e os que assim estão, vivem diligentes em estar preparados para o aguardado momento, ao exemplo do meu amigo de faculdade, João Victor. Confesso que João não frequentava nenhuma igreja, muito menos confessava alguma fé, mas num dia qualquer de aula ele – sabendo das minhas crenças – me perguntou: “Mano, Jesus vai voltar né?”. Depois de uma longa conversa, ele me disse que queria seguir a Cristo e, até onde soube, continua o fazendo piedosamente.
No balançar da árvore, tem-se o sinal da mudança do tempo; no cheiro de terra molhada, tem-se o sinal da vinda da chuva. Uma vez percebidos os sinais, somos movidos a ser diligentes em arrumar a casa fazendo uma rápida análise do que pode ser afetado, como roupas no varal e janelas abertas, por exemplo. No que toca a volta de Cristo, somos exortados a agir da mesma forma, nos autoexaminando para que estejamos sempre prontos para sua chegada; para que sejamos encontrados com óleo em nossas lanternas [quem lê, entenda].
Tenho que “orar e vigiar” seguiria como uma excelente moral da lição. “Orar” pois o Espírito está realmente pronto, e ele clama pelo Pai, mas “vigiar” porque a nossa natureza é fraca e vacilante nas tentações. Contudo encontramos graça em Cristo, o mesmo que virá também é aquele que nos prepara para a sua vinda. Ele nos dá olhos sensíveis para que estejamos atentos aos sinais dos tempos e eles – apesar de notórios – não nos passem despercebidos ante as distrações deste século.
Por isso esteja sempre atento ao balançar das árvores e não seja surpreendido pela tempestade, pegue seu guarda-chuvas e arrume sua casa. Pois o que não percebe, será surpreendido, mas aquele que espera, em muito se alegrará.
Autor: Henrique Filho